🇨🇦 Mark Carney vence eleição no Canadá, mas enfrentará governo minoritário e desafios com os EUA

29 de abr. de 2025

Orange Flower

Na madrugada desta terça-feira (29), o Canadá elegeu Mark Carney, ex-presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, como seu novo primeiro-ministro. A vitória representa o quarto mandato consecutivo do Partido Liberal, mas ocorre sob um novo contexto político: sem maioria no Parlamento e com um cenário externo mais hostil, especialmente vindo dos Estados Unidos.

Com 43% dos votos, Carney superou por uma margem estreita o líder conservador Pierre Poilievre, que obteve 42%, segundo estimativas preliminares da Elections Canada. Os Liberais devem ocupar 168 das 343 cadeiras no Parlamento, número insuficiente para garantir a maioria e obrigando o novo governo a negociar alianças legislativas para aprovar sua agenda.

Um líder técnico em um contexto político fragmentado

Mark Carney é um nome respeitado internacionalmente. Com carreira sólida à frente de dois dos principais bancos centrais do mundo, sua chegada ao cargo de premiê traz credibilidade técnica e experiência em gestão macroeconômica, o que pode gerar confiança nos mercados globais.

No entanto, sua falta de base parlamentar sólida deve limitar sua capacidade de executar reformas estruturais. A campanha, que inicialmente teve tom propositivo, migrou para a defesa de estabilidade e liderança — algo que Carney buscou destacar ao afirmar a necessidade de proteger a soberania canadense em um cenário geopolítico em mudança.

Prioridades: EUA, defesa e diversificação comercial

Entre as principais pautas da nova gestão estão:

  • A renegociação de um acordo econômico e de segurança com os Estados Unidos;

  • O aumento dos gastos militares, alinhado à pressão da OTAN;

  • E a diversificação comercial, com maior foco em Europa e Ásia.

Além disso, Carney prometeu manter o controle nacional sobre áreas estratégicas como recursos naturais, políticas agrícolas, leis linguísticas e decisões ambientais — pontos sensíveis nas relações com Washington.

Relação com Trump promete tensão

O retorno de Donald Trump à presidência dos EUA é visto como um dos principais desafios para a diplomacia canadense. Em uma publicação recente em rede social, o republicano chegou a sugerir que o Canadá “seria melhor como o 51º estado americano”, intensificando o clima de provocação.

Em seu discurso de vitória, Carney respondeu de forma firme:

“Estamos superando o choque da traição americana, mas nunca esqueceremos as lições.”

A declaração evidencia que o governo canadense deve adotar uma postura mais defensiva diante da política externa norte-americana nos próximos anos.

O que esperar para os mercados?

Apesar do impasse político interno, a escolha de um líder com perfil técnico pode ser bem recebida pelos mercados no curto prazo. No entanto, a falta de maioria no Parlamento deve gerar volatilidade legislativa, principalmente em pautas fiscais e regulatórias.

A incerteza sobre a relação com os EUA também pode impactar diretamente setores como energia, defesa, comércio e tecnologia. O investidor deve acompanhar de perto os desdobramentos nos seguintes pontos:

  • A formação de alianças políticas no Parlamento;

  • As negociações bilaterais com os EUA;

  • O comportamento do câmbio e dos juros no Canadá;

  • E o posicionamento do governo Carney diante de temas geoeconômicos.


A eleição de Mark Carney abre um novo capítulo na política canadense: técnico, mas politicamente desafiador.
Para investidores globais, o momento exige cautela e atenção às movimentações diplomáticas e legislativas.

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